FAKE.

Sabes, desiludiste-me. Mesmo a serio. Pensava que eras uma daquelas pessoas que iriam estar sempre lá, que não tinham medo de nada, que eram verdadeiras e que estariam sempre de braços abertos para me receber e dar um abraço. Agora, e depois de descobrir uma (muito pequena) parte da tua vida, vejo que não te conheço. Na realidade, nem sei se tu própria te conheces. Entraste na minha vida na mesma altura de imensas outras pessoas, mas ao contrário dessas outras, tu ficas-te sempre bem perto. Grandes amigas. A vida que pensava que tinhas (e que tu também pensavas) era quase perfeita, rodeada de grandes amigos, sempre feliz, a aproveitar todos os momentos com grandes emoções, a fazer tudo o que era típico na idade que temos. Agora, apercebo-me que invejava uma ilusão. Afinal a tua vida não era assim, não tinhas grandes amigos, não ias a grandes festas, não vivias grandes momentos, não sabias sequer o que era a felicidade verdadeira. Hoje, disseram-me que estavas doente. Disseram que era uma doença do foro psiquiátrico, que conjugava medos e a vontade de ser livre, que querias chamar à atenção. Sabes, na maior parte dos casos, tenho pena das pessoas doentes. De ti não, de ti, agora, só a indiferença. A indiferença e a raiva. Porque a mentira é das piores coisas, é o que eu não consigo suportar, e o que eu não consigo perdoar. As grandes amigas transformaram-se agora num estranho caso. Uma achava tudo normal. A outra estava não desiludida, tão desapontada que nem sabia o que achava.