Por tudo.

E agora, que já se passaram meses desde que te arrumei num canto longínquo do coração, vieste pedir desculpa por tudo o que fizeste. Chegas-te com um ar arrependido e com olhos de pessoa mudada, disseste três ou quatro frases em que cada virgula já estava à muito decorada. Serviste-te dos clichés, das minhas frases preferidas, das melhores memorias que tinha. Tudo isso só para ouvir um «estás desculpado», para que eu te tirasse de cima o peso da culpa, para não olhares para trás e veres que com todo o teu egoísmo me levas-te parte da felicidade. Não desculpo, sabes porquê? Porque me disseste que «o que não nos mata nos torna mais fortes», e como já passou muito tempo e eu ainda não morri, posso declarar ao mundo que estou mais forte. Por isso, não desculpo, não desculpo a parte de toda essa estupidez ter feito de mim uma pessoa mais forte. E, também não desculpo o facto de antes de perceber que era uma mentira, terem sido os melhores segundos, minutos, horas, dias, meses, da minha vida. Então, meu amor, tira o ar de culpa, em vez de «estás desculpado», eu digo-te «obrigada».

[é antigo. tenho saudades do blog, confesso]