24.02.2009

Olha para o teu quarto, está como a tua vida. O caos, tudo desorganizado, não sabes onde está o que procuras, se olhares à volta não vês nada de importante. Já não consegues ver e que cor é o chão, está cheio de roupa, que se calhar nem gostas, que te traz más recordações, que nem te lembras de ter, que não usas. É como os amigos, tens muitos, mas poucos são bons, a maioria não vais estar lá quando fracassares e precisares de um abraço, não te vão ajudar, e daqui a uns meses nem se vão lembrar de quem és. As folhas de papel estão amassadas, já nem cabem no caixote. São como os teus sonhos, aos poucos e poucos vão todos morrendo, vais caindo na realidade, vais percebendo que não os sonhos são para quando se está a dormir, e por isso, vais deitando fora, pondo no caixote do lixo até ele não conseguir com mais e deitar fora. O carregador do telemóvel, o computador e a aparelhagem sempre ligados denunciam a falta de vontade de viver, não respeitas o planeta em que vives porque não gostas dele, porque já não tens objectivos, já nada tem significado. Acumula-se o pó e cima de objectos que antes eram boas recordações, não o vais limpar, as recordações estão cada vez mais longe, os momentos de felicidade já são miragens, já não te lembras de nada. Até o quadro de cortiça, onde tens as fotos dos melhores momentos, está torto, as imagens já não estão nítidas, já não é claro que aqueles momentos tenham sido bons. Decides arrumar tudo, mas por mais que te esforces, passado uns minutos, volta tudo à estaca zero, à desorganização. Talvez a tua única solução fosse mudar de quarto.

[Foi um dia realmente mau, já não dá vontade de escrever]